"Despedida" Um discurso poético

De todos os pássaros que habitam em nosso ecossistema

e voam pela terra em busca de alimento e calor,

existe um que parte atrás de seus sonhos e não volta,

deixando atrás apenas a dor sentida dessa partida,

despedida.

Quão doloroso é sentir o vazio de nossas entranhas,

estranha dor, abonado coração, antes irradiava um sentimento nobre,

hoje, porém, sente os devaneios que a vida lhe deu,

abandonado coração, carece da nobreza propalada aos quatro cantos,

isola-se, autoflagelo que a alma requer,

confiar em quem?

Para que confiar se a distância é longa, e, somente,

minhas asas poderão romper essa distância, mas não as sinto,

machucadas foram, paralisadas pela angústia que corrói, dói...

Ah! O abrigo onde eu colocava meus sonhos para descansar,

lugar era ermo, tão vazio de sentido, alimento para angústia e ansiedades,

de poucas cores, de pouco pulsar, de pouca euforia,

o coração sequer vibrara com a chegada,

o amor ficou no passado,

no discurso histórico pronunciado às pressas,

não era para ficar,

mas ficou por medo.

Sinto que uma lágrima tocou me rosto, quase um afago,

tão leve e tão pesada,

esconde que as carícias das quais eu nunca me esquecerei,

estarão presentes e, ao mesmo tempo, ausentes,

sentirei sua falta,

minha despedida arde o peito.

Eu não serei ninguém sem o teu sorriso,

sem os versos construídos sob medida,

diante da inteligência lúcida e afável,

sensível e terna como a tarde que repousa,

preciso partir.

Eu sei, a única esperança de ser feliz é jogada ao vento,

o choro constrange, o vento trata de secar as lágrimas, mas não seca as feridas.

Despedidas sangram o coração, machucam,

são rosas arrancadas cujo espinhos ferem as mãos,

é possível sentir o perfume da rosa,

mas o sangue, espinho da dor, flui como água,

não há intervalos,

não há saídas,

o incompreensível instante fugaz,

o tempo passa,

o vento passa,

a vida passa...

E ainda estou aqui, por quê?

Olho para trás, como se houvesse volta,

não volta o tempo que passou,

não voltam as horas perdidas,

não voltam os momentos eternizados nas fotografias.

Observo cada foto, um instante raro, o seu sorriso eternizado,

a beleza revelada e observada por ângulos inexplorados,

surgem versos, emanam prosas, inspiram os poetas.

Insisto, ainda estou aqui, olhando para você, mas por quê?

Por que ainda observo sua foto?

Por que ainda sinto o seu beijo? - sonhos nunca reais.

Por que te vejo em meus sonhos? - estranho desejo reais.

Minh'alma alça voo,

viaja pelo infinito universo, visita sistemas desconhecidos,

contempla do próprio espaço a multitude de estrelas,

Não pare! Ordena o cérebro, prossiga, não se abata pela emoção.

Espere! Fique! Implora o coração, ainda querendo provar do teu beijo, delicada flor,

Amor, inexplicavelmente, meu coração ainda é teu,

as palavras que me inspiram, são de ti, para ti,

os versos que tenho nunca me pertenceram,

foram colhidos como quem colhe flores,

a luz que me guia cintilam de seus olhos.

Tenho asas, posso voar, em minha imaginação elas são ainda maiores,

a saudade fica, e a distância é longa.

Minha flor já não possui a mesma cor,

eu a descolori com meus gestos insensíveis,

esqueci de regá-la por alguns dias,

não percebi que o brilho do sol a machucava.

E agora, quem a colherá?

Quem inspirará a ela os versos?

Suspira coração,

a despedida foi trazida,

suspiro pelo sonho que se foi, amor meu, minha flor.

Minha despedida se encerra em lágrimas,

por que partir?

Ainda procuro respostas,

quando voltar?

Digo que não sei,

realmente, não faço ideia,

digo talvez,

talvez a despedida seja uma maneira de dizer "adeus..."

Francis Poeta
Enviado por Francis Poeta em 30/05/2007
Reeditado em 27/10/2018
Código do texto: T507566
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