E ENTÃO, O POETA TOMA-SE DE AMORES PELA ATLETA (o que fica do PAN/2007?)
Os amores, como preverem-los
na mansidão da essência
média e tediosa?
Como antever a erupção de serpentes
no salão das mundanas prosas?
Como que se abriga em mãos,
entre os dedos, as melenas e anelos
os cabelos da mulher de tez morena
que me arrebenta, sedentário?
Faz findar-me em sede e fome, como quem ama
na manhã de ar frio, de trinados e acordes
no susto de uma presença vívida
da felina, retesada e tanto bela.
Como crer que, desde a Arcádia
o poeta pastoril se encante
pelos dotes da espartana?
Cardíaco, de amor, o poeta irá morrer
sem bater a qualquer recorde
tecendo loas tumulares ao corpo/poema
que vive intenso, em simbólico frescor
em transe espacial, aéreo, mas sem caos.
Em um salto no escuro, com vara, no abismo
mata-me de espanto este corpo da Fabiana Murrer.
Ricardo S. Reis julho de 2007