Minha Canção do Exílio

A minha pátria sem palmeiras,

onde eu pudesse sonhar,

nesta pátria, como um rio,

como um monte verde, um cio,

uma chuva intensa e o estio.

Ah! Pátria minha

que me agride,

mas ensina-me

a evitar a morte.

Na permanência

e na poeira,

a minha pátria é rasteira.

E eu, mais um cristão sem sorte.

No corpo da minha pátria,

carpindo, carpindo,

eu faço brotar o grão.

Ah! A minha pátria mesmo

é o beijo da mulher,

que me ativa e alimenta:

Saliva feita de vinho,

boca com gosto de pão.

Ricardo S. Reis

Ricardo S Reis
Enviado por Ricardo S Reis em 12/09/2007
Código do texto: T648610