MINHA CANÇÃO DO EXÍLIO

A minha pátria sem palmeiras

onde eu pudesse sonhar

esta pátria, como um rio

como um monte verde, um cio

uma chuva intensa e o estio.

Ah, pátria minha

que me agride

mas ensina-me a evitar a morte.

Na permanência e na poeira,

a minha pátria é rasteira.

E eu, mais um cristão sem sorte.

No corpo da minha pátria

carpindo, carpindo

eu faço brotar o grão.

Ah, a minha pátria mesmo

é o beijo da mulher

que me ativa e alimenta:

Saliva feita de vinho

boca com gosto de pão.

RicardoSReis
Enviado por RicardoSReis em 29/10/2007
Reeditado em 08/11/2007
Código do texto: T714920