MINHA CANÇÃO DO EXÍLIO
A minha pátria sem palmeiras
onde eu pudesse sonhar
esta pátria, como um rio
como um monte verde, um cio
uma chuva intensa e o estio.
Ah, pátria minha
que me agride
mas ensina-me a evitar a morte.
Na permanência e na poeira,
a minha pátria é rasteira.
E eu, mais um cristão sem sorte.
No corpo da minha pátria
carpindo, carpindo
eu faço brotar o grão.
Ah, a minha pátria mesmo
é o beijo da mulher
que me ativa e alimenta:
Saliva feita de vinho
boca com gosto de pão.