MÃE - UM POEMA DE SAUDADE.

Não tenho mãe, quem me dera

Pudesse ter a ventura

De numa vida futura,

Ter outra vez Dna. Vera.

I

Eu não queria fazer um poema de saudade,

É que saudade é solidão presente,

Tampouco relembrar momentos de felicidade,

Nem gestos de mágica ternura...

Antes, eu queria tê-los novamente,

Guardados para sempre aqui comigo...

Ah! Que bom abrir os olhos

E ter o sorriso que me iluminava nas manhãs,

Estender a mão em busca da mão amiga

E encontrá-la...

Por isso,

Eu não queria fazer um poema de saudade...

Poema que meus olhos molhados

Quase não me deixam escrever,

Mas que o meu coração de poeta

E filho que ficou, escreve pra você,

Como último adeus e homenagem...

As horas continuam a se suceder

E só o velho relógio de parede as registra...

Nada é mais como antes,

E eu nunca serei como antes ,

Sem a presença daquela que amei, amo e amarei...

Não importa...

II

Recordações afloram à minha mente,

O lugar no sofá da sala está vazio,

O meu coração está vazio...

Não ouço mais a mesma voz que me repreendia

Pelas coisas erradas que fazia,

Nem aquela voz que carinhosamente

Me despertava com um “Bom dia!”...

Minh’alma morreu um pouco...

Eu morri um pouco!

A ausência de você é chaga que tortura...

Nem o Sol, embora claro o dia,

Consegue iluminar o negror

Da minha noite escura...

Hoje, eu vou conseguir,

Não obstante as lágrimas que teimam

em se fazer presentes

e a tristeza que agora me acompanha,

fazer o poema que sempre quis pra você,

Nem que seja, ainda que tarde,

Um poema de saudade...

EMILIO CARLOS ALVES
Enviado por EMILIO CARLOS ALVES em 14/01/2008
Reeditado em 14/01/2008
Código do texto: T817319