Ode ao perdão (Ou à falta dele)
Perdoa, Senhor, todos os homens calados;
Eles não dizem de outros nem de si mesmos...
E os que não ouvem têm de ser perdoados,
Eles só são surdos porque falam a esmo;
Perdoa, Senhor, os homens que não cantam,
Eles não conhecem as notas da canção de amor
Os que as conhecem e não se levantam
São de alma aleijados, purgam na dor.
Perdoa, Senhor, os homens desencaminhados,
Por frios atalhos chegarão ao infinito.
Perdoa o sangue que coagula nas calçadas,
É do inocente pela luta contra o maldito.
Perdoa, Senhor, os homens de negro vestidos
Eles não plantam paz nem colhem as tempestades
São os filhos de todos valores perdidos,
Que os humanos trocaram pelas veleidades.
Perdoa, Senhor, dos homens as amarguras
Eles têm angústia de morte em seu peito;
Seu corpo, anônimo de ti, murcha em agruras.
Rasgadas, as rugas, são da dor o leito
Perdoa, Senhor, esta que te dirige a voz
Ela nada sabe que não seja dor e solidão,
Mas te implora pelo seu mais cruel algoz
E que mais uma vez, aos homens estendas a mão.
Depois de haveres ensinado ao mundo o perdão,
Da piedade de que te vestes, como azuis véus,
Faze pulsar a bondade em todo coração,
Pra não ficares só, nos teus próprios céus.