A POMBA BRANCA

A POMBA BRANCA

Era uma vez... (sempre estes termos suaves

A começar um conto ou uma história...)

Um bando que existia, algumas aves

Perdidas na distância da memória

Viviam sua vida em harmonia

Na paz do seu amor e dos seus sonhos

E sempre o sol que ao alto refulgia

Tornava os seus momentos mais risonhos

Comiam do que dava a natureza

Bebiam dos riachos e dos lagos

O trato se fazia na riqueza

Que tinham em carinhos, em afagos...

Vizinho ao seu local havia um grupo

Mas este, de pessoas, tão diferente...

Era constante entre elas o apupo

Um som que para o bando era estridente

Ralhavam por inveja, por cobiça

Por terras, por riquezas, por ganância

Não raro se envolvendo numa liça,

As aves as mirando na distância

Um dia, vendo o grupo, que se espanca

(Queriam a mesma árvore, na cegueira!...)

Do bando sai uma lesta pomba branca

Levando em bico um ramo de oliveira

Todos entenderiam pela certa

O gesto da pombinha, perspicaz

Que no seu simbolismo era uma oferta,

Da árvore em questão, a sua paz

Contudo alguém gritou: é estrago, o corte!

Quebrou! Traz um presente envenenado!

E abatendo a ave, dão-lhe a morte,

Um crime tão horrendo... tresloucado!

(A história vem dum sonho em pequenino,

Da arca das memórias ela arranca

Quem dera uma mudança no destino...

A paz chegasse noutra pomba branca...)

Joaquim Sustelo

(editado em RAIOS DE LUZ)

Joaquim Sustelo
Enviado por Joaquim Sustelo em 01/07/2007
Código do texto: T547751