Canção de Poeta

CANÇÃO DE POETA

A lembrança eclode

Num dia qualquer,

sem hora marcada

Abre porteira do tempo

Para remota época do meu viver

Onde lampião faz lume

E uma sanfona geme feliz

É baile de roça!...

As moçoilas se enfeitam risonhas

E até abusam do perfume...

Querem entre o rodopio de uma dança

Encontrar o que o coração sonha.

Eis que de repente...Um cavaleiro solitário

Brota do negrume da noite

Garboso em sua montaria

Arrancando suspiros em coro.

Um rubor intenso cobre a face

De quem aguarda seu retorno

Foram meses de espera

Repletos de solidão,

coroados de saudade

E mesclados de angústia febril...

Apeia lentamente deixando os olhares curiosos

Acompanharem o rumo de seus passos

Olhos fixos, mão estendida

Buscando a cintura fina

Para a dança começar...

Não no salão, mas em cima da montaria inquieta

Para perder-se no caminho, junto com seu bem-querer

Tudo isso no compasso da sanfona, que gemendo sem sofrer

Formam as notas singelas

Da canção de um poeta.

Norma Bárbara

Norma Bárbara
Enviado por Norma Bárbara em 31/12/2008
Código do texto: T1361158
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