Contemplação
Não sofro de amor,
Escrevo meu próprio nome, inteirinho no papel,
Pasmo ao ver cada letrinha invisível
Com olhos diluídos e sonhos ao léu.
Deito-me a escutar fina chuva .
Palavras mornas suavisam minha pele ressequida
Um fio de óleo perfumado finda no meu umbigo
[É longo o inverno, e poeirento - e se anuncia.]
Olho paisagens outonais e construo imagens
Bailarinas feitas de sons e pensamentos
Trespassadas de ventos e de silêncios musicais
Rodopiam canções de rir e de chorar
Choro a não mais parar.
Indefinidos acordes vagueiam-me o vago do olhar
Balbuciam o que nunca se encontrou e pra sempre se perdeu.