Palavras De Meu Silêncio

Me refugio em minhas palavras,

Noções do silêncio que me angustia.

Dupla sensação de impotência;

Quanto mais sou, menos sou.

Se me dissessem pra ir, ficaria mais um pouco,

Hesitaria partir pra olhar melhor meu lugar de hoje,

Pra ouví-lo, aprender a desconstruir com ele.

Se me dissessem pra ficar, sairia,

Só pra sentir um pouco mais de saudade do lugar de onde saí,

Só assim aprenderia a construir com ela aquilo que nunca senti.

Jamais saberei se o que faço é certo,

Mas é certo que sei momentaneamente o que faço.

O que faço é faca de cozinha cega,

Que mesmo sem uso ou razão,

Persiste em fazer parte de uma decoração deveras antiga.

Antiquario: antes fosse eu do que outro quem parte,

E o outro que fica só quer ser um pouco do que não sou.

Eu que quase sei,

Quase percebo,

Quase sinto o cinto que aperta o estômago.

Decisões que me esperam, me sufocam e me libertam,

Angiomas de minha vida diária;

Me espreitam, me assuntam, precionam,

Por isso me refugio nas palavras de meu silêncio,

Pois nelas e por elas, não há dores ou odores,

Nelas, só solidão e liberdade momentânea.

C.J. Maciel

Carlos Maciel CJMaciel
Enviado por Carlos Maciel CJMaciel em 12/10/2009
Reeditado em 21/05/2015
Código do texto: T1861350
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