GRAFITE
Estou fora de mim
A centenas de milhas daqui
Ilhada, presa em um coração
Deserto, vazio...
Estou completamente só...
Grudada a este chão
De imagens
Algemada a este destino
De horas paradas
E dias de não amanhecer...
Escrevo...
Do silêncio que dói
Extraio frases
Ou cuspo palavras
Fermentadas pela solidão
E diante dos meus olhos
Que choram (sem chorar)
Saltam símbolos gráficos
Que se desenham formando
Sílabas desconexas
Que dizem (sem dizer)
Aquilo que estou sentindo.
O coração sangra pelos olhos
E eu choro (sem lágrimas)
Dores escritas...
Escrevo o grito calado
Que teima querendo
Gritar teu nome...
Mas desaba no vácuo
De fragilidade
Da minha emoção...
E o grito mudo que não sai
Da minha garganta
Implode no peito
E faz eco no cérebro
Onde tua imagem
Fica a flutuar...
Como uma miragem
Nas margens
Do meu deserto...
E os vários vazios
Que se foram
E que voltaram
Juntei com as horas vazias
Dos tempos perdidos
E grafitei na poesia
A história de um amor
Nu e sem segredos
Que, de mim, sinto
Em mim... Só....
Marsoalex 10/01/2011