“NAQUELA DOCE IDADE”.
(Poema).

Agora bateu saudade
Dos oito anos que tinha,
Em que o sonho era tão leve
O sofrimento tão breve
O tempo devagar vinha;
Naquela doce idade
Era pouca a ansiedade
Em que a mãe era só minha!
Divertido era o tropeço
Às vezes era alto o preço
Era tudo brincadeira...
Um escorregão na ladeira
Vesti roupa pelo avesso
O sapato do meu pai...
Ah! Que tempo de magia!
Que tempo lindo de sonho!
Tempo que segue comigo
Um colega ou um amigo;
Todo poeta é criança,
Ainda que longe a infância
Perto de olhos fechados,
Frases com lábios calados
Palavras nas entre linhas,
As estrelas eram rainhas
A lua era a doce fada,
Meus medos de madrugada
Quando um pesadelo tinha
Mamãe vinha preocupada;
Mas o barulho da rua
No dia seguinte cedo...
Ia-se embora o medo
Vinha a criança levada
O medo da noite passada
Guardado no meu segredo.