QUEM CHORA SOU EU


Como cega e através de apalpadelas
sou conduzida para o vazio,
para o nada, e onde eu aportar
sei que não vou te encontrar
pra poder acalmar
meu coração comprimido.

Porquê demonstrar felicidade,
se estou sempre sozinha
açoitada por ecos confusos
e por gemidos de um
passado distante?


Para que tentar entender essa
companheira chamada miragem
se vejo o oásis em
sonhos que não existem,
e o que existe sou eu prostrada
na igualdade de tão triste saudade?

Para que alimentar esperanças,
confiar em quem não vem, se
o que vem é a lembrança
de alguém ausente,
de um amor morto,
de uma inflexível afronta
quando resoluto decidiu me deixar?

Para que conferir as horas,
estar atenta para que,
se tudo o que espero demora e
se no final quem chora sou eu? 

Balneário Camboriú/SC - 25 de maio de 1998.
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