Sou a Saudade, Sou Flagelo...

Sou a saudade que bate em minha porta

Sou a sombra do eclipse que escurece a Terra

Sou a dor encarnada na alma humana

Sou a solidão que vaga dentro do meu peito

Sou a ferida que nunca vai fechar

Sou a cicatriz que fere a beleza

Sou o flagelo e o martírio de mim mesmo

Sou a lágrima perpetuada na face triste

Sou o começo o meio e o fim da desesperança

Sou a mão que afaga e a mão que agride

Sou o lamento de todos os filhos do abandono

Sou o choro noturno da falta de amor

Sou a imperfeição do espírito que vaga

Sou a angústia de todas as despedidas

Sou a escravidão de todos os sentimentos

Sou a falta de carinho e a ausência de vida

Sou o silêncio do vácuo onde o grito não é permitido

Sou a consciência atormentada pelo crime

Sou a prisão dos sentidos incontidos

Sou a chama que queima eternamente na escuridão

Sou a frieza que apaga essa mesma chama

Sou uma verdade sufocada por mentiras

Sou o desapego daqueles que já não vivem

Sou a vida daqueles que teimam em viver

Sou o nada que habita o vazio dos corações

Sou a morte de todos os ideais

Sou o pesadelo que chega depois dos sonhos

Sou a guerra que desestabiliza a paz

Sou a saudade que a tudo intranquiliza

Sou a enorme saudade que sinto de mim mesmo

Sou a saudade e todos os males da alma

Sou a saudade e nada mais existe

Sou a saudade que vive do esquecimento

Sou a saudade que a tudo preenche

Sou a saudade que amolece o coração

Sou a saudade em forma de gente

Sou a saudade companheira

Sou a saudade dos olhos perdidos

Sou a saudade dos corações apaixonados

Sou a saudade da mão que se volta contra mim

Sou a saudade que não espera para aparecer

Sou a saudade daqueles que se foram

Sou a saudade daqueles que chegaram

Sou a saudade do que eu nunca tive

Sou a saudade de tudo que perdi

Sou a saudade dos olhos tristes

Sou a saudade de tudo que existe

Sou a saudade infinita que me faz chorar

Sou a saudade que se alastra como uma praga

Sou a saudade que torna as noites mais insuportáveis

Sou a saudade que amargura a jovem viúva

Sou a saudade dos filhos perdidos na guerra

Sou a saudade da liberdade nunca alcançada

Sou a saudade dos sonhos nunca realizados

Sou a saudade dos tempos felizes

Sou a saudade e ao mesmo tempo sou desprendimento

Paulo Raven
Enviado por Paulo Raven em 26/09/2019
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