A HORA DA SAUDADE

 

A hora da saudade quando impera,

 

não tem minutos nem segundos;

 

é um pêndulo inclinado

 

entre dois mundos,

 

um de recordações, 

 

o outro, de estranha espera.

 

Um perfume ligeiro, quando invade,

 

uma sombra nos ares, transparente…

 

Tudo consola e ao mesmo tempo mente;

 

só a lembrança é real, na hora da saudade.

 

Hora nostálgica e de frouxa luz,

 

graves matizes, meios tons ligeiros,

 

um repicar tedioso, dois ponteiros

 

fazendo ritualmente um sinal–da–cruz...

 

Hora de se querer mais, quem se quer,

 

hora de mais se amar quem muito se

 

ama…

 

Que uma lágrima aos olhos se derrama,

 

e põe mais brilho num retrato de mulher...

 

E um raio de mortiça claridade

 

ilumina um poema sobre a mesa…

 

E mais nítida te sinto, há certeza…

 

Mais presente tu estás,

 

na hora da saudade!