UM ESTRANHO EM MIM

Eu vivo perto de tudo,

longe de qualquer lugar...

Sou brisa que se dispersa

sem deixar de aqui estar.

Vivo passando por mim

sem sequer me conhecer;

sou um fantasma sem rosto

que não chega a aparecer.

E o grito desesperado

que irrompe fundo no peito,

é um barco naufragado

que ainda há-de ser feito.

Como saciar esta angústia

que foi transformada em sede?!...

Como albergar a alma rústica

que balança sem ter rede?...

Como explicar esta mágoa

se nunca chego a ser eu?!...

O pranto corre sem água

num ser que há muito morreu...

...E que nem sequer viveu.

in POEMAS SOMBRIOS

de NelSon Brio

29/06/2008

HENRICABILIO
Enviado por HENRICABILIO em 08/11/2008
Reeditado em 26/10/2009
Código do texto: T1272960
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.