UM ESTRANHO EM MIM
Eu vivo perto de tudo,
longe de qualquer lugar...
Sou brisa que se dispersa
sem deixar de aqui estar.
Vivo passando por mim
sem sequer me conhecer;
sou um fantasma sem rosto
que não chega a aparecer.
E o grito desesperado
que irrompe fundo no peito,
é um barco naufragado
que ainda há-de ser feito.
Como saciar esta angústia
que foi transformada em sede?!...
Como albergar a alma rústica
que balança sem ter rede?...
Como explicar esta mágoa
se nunca chego a ser eu?!...
O pranto corre sem água
num ser que há muito morreu...
...E que nem sequer viveu.
in POEMAS SOMBRIOS
de NelSon Brio
29/06/2008