Dias Sombris

Quando os ventos do destino

Sopraram

A canção lúdica de um amor crescido

Apenas a ouvi.

Mas também me atrevi

A escutar os murmúrios sombrios

De uma ave que sobrevoava

O céu do inferno.

Terno o Sol que me aquece

Todas as noites perdidas

Em meu coração apodrecido

De ervas daninhas que crescem

Sarcásticas

Sobre minha morbidade aquecida.

Ainda não sou quem eu devia

De ser...?

Todas as manhãs

Em que seus olhos esquecem

Dos meus.

Enfio uma faca na solidão

E a elevo sobre minha fronte

Como um selvagem intumescido.

Foram dias em que marchei

Elegante sobre as pobres corujas

Que um dia beijaram minha face.

Quem és tu que me segues?

Noite e dia

Não fala

Não come

O que queres de mim?

Tenho sido um ser distante

Do que realmente me dá sentido

Do que constantemente

Saúda-me com um bom dia.

Mas, que deixo de lado

Quando de prazeres

Faço-te côrte,

Em dias de luto.