Olhos azuis

Aquela criança linda, com lindos olhos azuis,

cabelos louros, sedosos, cheirando a rosa e alecrim,

chegava trazendo o amor.

Era o menino feliz que vinha ao mundo trazer

alegria e esperança para os seu pais e irmãos.

Mas o destino é cruel!

Passados são muitos anos...

O menino transformou-se em um pobre desajustado,

perdido na sociedade, marginal das convenções,

sem lar, filhos ou mulher, sem casa, emprego ou trabalho,

indigente embrutecido, tão diferente daquele

pequeno e doce menino que nascera para o bem.

Sua pele carcomida, seu cabelo sujo e ralo,

seu corpo já decadente, de males tão castigado,

vivendo à sombra da noite nos vãos escuros da vida,

nas sarjetas e valões, por todos tão rejeitado,

faminto, fraco e doente, moribundo e terminal

num dia é encontrado num canto de uma viela,

sem vida e enrijecido, maltrapilho e abandonado,

desfigurado e marcado pelo grande sofrimento.

Quando encontraram o seu corpo na face suja e disforme

dois olhos azuis brilhavam, olhos lindos, encantados,

qual pedacinho do céu, uma única lembrança

daquele único menino que nascera para o amor.

Hugo Roma
Enviado por Hugo Roma em 19/10/2009
Código do texto: T1874926
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