Olhos azuis
Aquela criança linda, com lindos olhos azuis,
cabelos louros, sedosos, cheirando a rosa e alecrim,
chegava trazendo o amor.
Era o menino feliz que vinha ao mundo trazer
alegria e esperança para os seu pais e irmãos.
Mas o destino é cruel!
Passados são muitos anos...
O menino transformou-se em um pobre desajustado,
perdido na sociedade, marginal das convenções,
sem lar, filhos ou mulher, sem casa, emprego ou trabalho,
indigente embrutecido, tão diferente daquele
pequeno e doce menino que nascera para o bem.
Sua pele carcomida, seu cabelo sujo e ralo,
seu corpo já decadente, de males tão castigado,
vivendo à sombra da noite nos vãos escuros da vida,
nas sarjetas e valões, por todos tão rejeitado,
faminto, fraco e doente, moribundo e terminal
num dia é encontrado num canto de uma viela,
sem vida e enrijecido, maltrapilho e abandonado,
desfigurado e marcado pelo grande sofrimento.
Quando encontraram o seu corpo na face suja e disforme
dois olhos azuis brilhavam, olhos lindos, encantados,
qual pedacinho do céu, uma única lembrança
daquele único menino que nascera para o amor.