MORTA... VIVA

Depois de um grave acidente

Escutem bem oh minha gente

Eu à morgue fui parar,

Meteram-me numa gaveta

Pregaram-me uma etiqueta

E deixa-te agora aí estar.

A seguir veio o cangalheiro

Que me mediu primeiro

Para trazer o caixão,

Eu sem poder falar

Sentia-me toda a gelar

No meio daquela confusão.

Quando me consegui mexer

Nada mais havia a fazer

Já estava debaixo do chão,

Tive mesmo que morrer

Mas ainda comecei a bater

Nas paredes do caixão.

Ali já ninguém ouvia

A forma como eu gemia

Ao me sentir apertada,

Começou-me a faltar o ar

Tive mesmo que parar

E assim morri sufocada.

Maria Custódia Pereira

08-01-2004

Biazocas
Enviado por Biazocas em 11/07/2006
Reeditado em 25/01/2012
Código do texto: T191812