MORTA... VIVA
Depois de um grave acidente
Escutem bem oh minha gente
Eu à morgue fui parar,
Meteram-me numa gaveta
Pregaram-me uma etiqueta
E deixa-te agora aí estar.
A seguir veio o cangalheiro
Que me mediu primeiro
Para trazer o caixão,
Eu sem poder falar
Sentia-me toda a gelar
No meio daquela confusão.
Quando me consegui mexer
Nada mais havia a fazer
Já estava debaixo do chão,
Tive mesmo que morrer
Mas ainda comecei a bater
Nas paredes do caixão.
Ali já ninguém ouvia
A forma como eu gemia
Ao me sentir apertada,
Começou-me a faltar o ar
Tive mesmo que parar
E assim morri sufocada.
Maria Custódia Pereira
08-01-2004