Estrela no mar

De que serve ter o mar

E possuir no seu espelho as estrelas,

De que serve poder olhar

Se não podemos sequer vê-las?

De que serve a ambição

Que esconde em si o sonho

De que serve o perdão

Na amizade que encontra o chão

Se o futuro não é risonho?

De onde vem o poder da chuva

Que lava as lágrimas do amor?

Porque de tão doce que está a uva

Já perdeu o seu esplendor.

Porque se apaixonam amigos

Não dois, mas um deles só,

P’ra se tornarem inimigos

E descobrirem a amargura

De amar alguém que perdura

No ponto que outro ultrapassou?

Porque disfarçam aqueles que amam

Lutando pelo impossível

Sabendo que as Ninfas tramam

E as teias do tempo reclamam

O seu amor incompreensível?

Porque ama o amigo ingénuo

Com todo o seu coração

Destruindo o que é efémero

Destruindo tudo em vão?

É estúpido amar demais

Amar-se quem já se conhece

É estúpido lembrar os tais,

Amigos que nunca se esquece.

É estúpido nadar nas ondas do mar

E desejar chegar às estrelas

Quando de lá nos está a observar

A traidora Afrodite, envolta nelas.

mconstantino
Enviado por mconstantino em 01/02/2010
Código do texto: T2063319
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