Desterro de ti

O que é ter para sempre "a" verdade?

O que tens a ganhar sendo assim?

Ser "perfeita", e em conformidade

com essa história que contas prá mim?

Não seria melhor se vivesses

Os teus erros que negas, enfim?

E porquanto que tu os cometesses

Te sentisses tu mesma até o fim?

Por que insistes nos tantos modelos

que maltratam, prá estar sempre "certa"?

Não seria mais fácil não tê-los

se, imperfeita, estarás mais liberta?

Por que investes tamanho, em mantê-los,

Se a alegria real só te tiram?

Pois que escondes vontades e apelos

Prá que as cascas que inventas te firam?

De que serve esse altar em que habitas,

Se feliz não te faz, nem te ensina?

Se por dentro - tu o sabes - tu gritas,

Pois que até o teu prazer te confina?

Antes fosse a verdade algo interno,

Em vez dessa que insistes mostrar...

De perfeito, só resta-te o inferno

De estar longe de ti - prá não errar!

Só que enquanto convences amigos

E os amores sufocas, nos zelos,

Tens buscado o pior dos perigos

Que é morrer sem viver... e perdê-los.

E de tudo, foi mais onde erraste:

Te negares ter mácula ou erro!

Só que a vida e o teu tempo trocaste

Por ficar, de ti mesma, em desterro.

Obras publicadas: www.lojasingular.com.br

Luiz Roberto Bodstein
Enviado por Luiz Roberto Bodstein em 26/06/2010
Reeditado em 19/03/2012
Código do texto: T2342969
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