DESAPONTAMENTO

“Se nem eu sei quem sou, como posso esperar que venha alguém gostar de mim?” (Cecília Meireles)

Que esperas de mim afinal?...

Não sou Música, nem Harmonia, nem Paz...

Sou somente um desvario fugaz;

Alguém que não é capaz

De ser a si próprio, igual!...

Elevaste a minha fasquia

E eu gorei as tuas expectativas…

Agora por uma estranha ironia,

Nessa história puramente criativa,

Nem sou noite, nem sou dia!...

Como posso ganhar o Céu.

Se os meus olhos ousaram ver

Muito além do que era meu?...

Quando apenas deveria ser

Eu, somente eu!...

O mundo nem sempre é a cores!...

A vida decorre a preto e branco;

E mesmo a Estação das Flores

Pode, num bárbaro solavanco,

Ser o Inverno de dissabores!...

Algum dia hei-de acordar

E perceber onde é que errei!

Até lá continuo a sonhar

Que algum dia serei o rei

De um trono por conquistar.

De mim não esperes muito; afinal,

Não sou perfeito! Ninguém é assim!...

Existem mil sonhos em mim;

Os sonhos sempre têm um fim

E sonhar alto, pode fazer muito mal!...

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Para desfazer possíveis equívocos, informo que este poema é apenas produto de minha criação artística!

No entanto admito que, aqui ou ali, qualquer pessoa se possa identificar com algum pormenor, visto que procuro sempre escrever assuntos que toquem a sensibilidade humana.

Abílio!