Foi Assim...

Foi assim...

Que tudo surgiu na manhã cinzenta

Céu nublado, garoa fina e fria...

No sorriso das crianças, cheiro de menta

No olhar da mãe, o ânimo diminuia

E mais adiante o sofrimento aumenta.

Foi assim...

Num leito frio um grito de dor anunciava

O fim de uma história de amor à vida

O carro engolia a estrada, a esperança

Qual fio de uma teia de aranha, quebrava

E o choque de dor abalava a confiança.

Foi assim...

O vento soprava frio no coração

E via-se no rosto a nostalgia

Que perambulava pelo ar de emoção

E a torre da Catedral se desfazia

Num céu que era só consternação.

Foi assim...

Que a estrada se tornou mais larga

As horas pesadas não passavam

O coração como que ferido pela adaga

Da morte que adiante avizinhava

As crianças nada sabiam da hora amarga.

Foi assim...

Que o último suspiro aconteceu sem dor...

E uma centelha de luz logo arrefeceu

Na tarde inquieta de um sol sem cor

Para brilhar além do horizonte azul

Onde não se ouvem gemidos e pavor.

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