Sombra de uma separação

Abri meu armário

Para que o Sol entrasse

Em minha vida durante a manhã

Não pude manter a mente sã.

As mesmas dores esquecidas

A mesma escuridão.

É a mesma sombra

Que ainda cai no meu telhado.

Acordei com 20 anos

Abri o meu baú

Pra que a luz entrasse

Em minha família um dia desses.

Mas ela não entrou

Um amor apagado, congelado

Pelo ciclo do inexistente

Carinho de mãos que não se tocam.

Pensei em Deus.

Mas eles já amam Ele

Só não se amam.

Ao menos, não nas brigas.

AO menos, não na vida.

DIvidida está toda família

Familiariedade com um passado sombrio

De minha infância apagada

Nas fotos amareladas da dor.

Não quero ver o que eu já vi

Intumescidas as cascas do passado

Se quebram

Já que o passado não passou.

Não no casamento de meus pais.

Os gritos aindam me calam

De quando encolhido

Escondia-me no armário.

Ilário.

Mas eu o abri

Só pra ver

Se ali

Deus podia entrar.

Um dia desses.

Ao menos

Pra me ver chorar.