A Sombra do Medo
A Sombra do Medo
A sombra que esfria meu sol
Faz as honras de manter-me esquecido
estremecido
na solidão das folhas que me cercam.
Afronto um momento
De uma agonia infinita
de erros pós fantasias
Onde não há nada mais a fazer
Além de deitar-me e jazer.
Escrever este verso corrompido
Soa-me mais fácil que confrontar
Meus medos guarnecidos,
esbaforidos,
endurecidos.
Corro para os braços esticados
De uma alma amiga,
De pele branca como cocaína,
E que no íntimo recebe,
Percebe,
Meus surtos mórbidos
de medo e de tédio.
Remédio este que esqueço nas minhas loucuras.
Vicio-me na heroína
Deixada
Pelos meus anseios destilados.
Deitados na cama invernal.
A mesma
Que me deito só,
Todas as noites,
Desde que a sombra da tristeza
Saciou-se do meu sangue delicado.