DESCONFORTO

DESCONFORTO

Debruço-me sobre as horas

e o pensamento foge-me por elas...

Há um entardecer e fico absorto

no que vejo lá fora

por trás da transparência das janelas,

ou dentro, onde procuro algum conforto...

No ocaso vai o sol;

Vermelho, cuja chama já não arde

e que neste silêncio se despede;

Tal como o girassol,

procuro-o no horizonte em fim de tarde

e em vez de ter conforto, sinto sede...

Aquela imensa paz que a Natureza

transmite quando desce ao horizonte

o astro que a mergulha em mais um sono,

agrava-me na alma uma tristeza...

Perpassa-me este frio pela fronte:

... A guerra, a fome, o ódio, a crueldade!

E os que sem lar, em rostos sem idade,

vegetam pela noite ao abandono.

Joaquim Sustelo

(em ENQUANTO A BRISA SOPRA)

Joaquim Sustelo
Enviado por Joaquim Sustelo em 16/08/2007
Código do texto: T609343