Feridas de Inverno
Nas cinzas do dia,
Na atmosfera sombria das horas;
No frio que venta,
No vento que congela o corpo
De uma alma gélida, sem vida,
As árvores denunciam tua ausência.
Nem mesmo a geada,
Vinda como lâminas afiadas pelos Céus,
É capaz de te trazer...
Foste para bem longe,
Para o irretornável, talvez.
Mas os teus passos
Caminham ainda frescos onde a morte veio morar.
As estrelas gritam te chamando;
Nas constelações teu nome está escrito,
E brilha numa luz negra de profundo pesar...
As tardes vazias de sábado
Se encheram de pensamentos grotescos,
De visões amargas,
De imaginação desesperadora.
Por que não levaste o sábado contigo?
Por que não levaste os domingos de amargura, todos?
Por que passaste como o cometa,
E, diferente deste, não voltarás mais?
Tudo é igual como antes...
O pasto secou e aguarda pelo fogo;
A chuva te acompanhou
E parece que não volta mais...
As poucas águas do riacho
São como lágrimas de quem chora por ti.
Os dias têm uma nebulosidade de nostalgia estéril;
O vento traz as poeiras que deixaste em teu quarto desprezado.
E tanta dor, a dor maior,
É ver que o ouro que cintilava em flor
Diante de teus olhos que recém despertavam,
Este ano não brilhou no monte que habitavas.
Parece que feneceu na desolação que assumiu teu lugar.