Feridas de Inverno

Nas cinzas do dia,

Na atmosfera sombria das horas;

No frio que venta,

No vento que congela o corpo

De uma alma gélida, sem vida,

As árvores denunciam tua ausência.

Nem mesmo a geada,

Vinda como lâminas afiadas pelos Céus,

É capaz de te trazer...

Foste para bem longe,

Para o irretornável, talvez.

Mas os teus passos

Caminham ainda frescos onde a morte veio morar.

As estrelas gritam te chamando;

Nas constelações teu nome está escrito,

E brilha numa luz negra de profundo pesar...

As tardes vazias de sábado

Se encheram de pensamentos grotescos,

De visões amargas,

De imaginação desesperadora.

Por que não levaste o sábado contigo?

Por que não levaste os domingos de amargura, todos?

Por que passaste como o cometa,

E, diferente deste, não voltarás mais?

Tudo é igual como antes...

O pasto secou e aguarda pelo fogo;

A chuva te acompanhou

E parece que não volta mais...

As poucas águas do riacho

São como lágrimas de quem chora por ti.

Os dias têm uma nebulosidade de nostalgia estéril;

O vento traz as poeiras que deixaste em teu quarto desprezado.

E tanta dor, a dor maior,

É ver que o ouro que cintilava em flor

Diante de teus olhos que recém despertavam,

Este ano não brilhou no monte que habitavas.

Parece que feneceu na desolação que assumiu teu lugar.

Lester Cooper
Enviado por Lester Cooper em 09/08/2019
Reeditado em 22/06/2020
Código do texto: T6716313
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