VIDA VAZIA
Despenteada, muda ...bela,
Ao vento doce da primavera,
Sob a luz fraca de uma vela,
O coração se dilacera.
Bôca sedenta, parada...aberta,
Bebe do beijo puro...vivificante,
E por um instante então desperta,
E olha triste o seu pobre amante.
O suor toma conta do corpo cansado,
Gotas frias molham sua cama,
Este coração que agora despedaçado,
Foi dele que só neste instante ama.
E o grito seco ecoa vocativo,
Pelos quatro cantos do quarto muito lento,
Neste último instante vivo,
Sua alma se vai... devagar...com o vento.
1976