ENCONTRO-ME SÓ

Há muito tempo que me encontro só,

compondo minhas árias de saudade,

o vento e o pó, na minha visão

me ofusca a claridade.

Cantando e chorando meu lamento,

pungentes dores dilaceram o peito

de quem tem só o sofrimento,

dia e noite, deitado no leito.

Todas as dores e angústias vão

tornando amarga a minha vida,

que segue a luz como o esporão

do frágil caule procurando a vida.

Opacos dias atormentam a alma,

sempre carente de compreensão,

do humano que mantém a calma,

num mundo podre de perversão.

Seguindo em frente,fico à espera

de novo dia, de uma nova era,

que há de vir para quem espera,

tornando mansa, todas as feras.

Mas se, porém, nada acontecer,

que mude a face do mundo todo;

com certeza, terei que morrer

e não ter que me chafurdar no lodo.

05/05/84- VEM

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 10/11/2007
Reeditado em 15/08/2008
Código do texto: T731175