Cama de Pregos
Estou completamente perdido
Não sei a razão e a razão não me conhece
Talvez seja uma melancolia qualquer
Uma tristeza que eu não saiba interpretar
Mas o telefone tocou, infelizmente...
Atendo como se falar fosse um esforço
Um esforço que faz com que meu corpo doa
É Virgínia do outro lado linha
Pergunta como estou e não tenho resposta
Invento uma para não deixar o vácuo dominar
Não sei como estou, nem sei como estaria
E minha voz cansada se entrega, se cala
Ela fala que entende o momento e desliga
Fico perplexo, ela não quis me ouvir
Apesar de cansado e sem cabeça para o diálogo
Ela não quis me ouvir, disse que entendia
Mas quem diz que entende, talvez não queira nem saber
Aprendi isso em uma música
Pois quando as pessoas dizem que sabem como é
Na verdade, não querem saber, não estão afim
E se meu fim viesse depois desse telefonema
Quem sabe alguns amigos e conhecidos diriam no funeral
“Ele era bom, uma grande pessoa e era incrível”.
E me dariam adjetivos falsos por não me conhecer
Deito-me, a cama parece feita de pregos
E mesmo assim me entrego ao ócio e durmo
Tenho sonhos tristes que se ajustam ao meu estado
Minha mente está triste, meu corpo dói
Acordo varias vezes durante a noite
Um café, um cigarro, um cigarro, um café
Faço isso tantas vezes que perco a noção do tempo
A noite termina, infelizmente
E a anedonia que agora paira sobre mim é mais forte
Parece que nada pode me afetar, que estou só
Que estou distante das coisas que existem
Pois dentro de mim só há inexistências
Dentro de mim não há nada, estou seco
Não queria falar do meu coração
Mas ele existe e pulsa dentro de mim
Mas é um coração também fraco
Cansado dos engodos e dos jogos amorosos
Triste e sombria é a minha vida
Sinto-me fraco, mas sou solicitado para ajudar a um ou outro
E infelizmente não aprendi a dizer não
De alguma forma vivo dizendo sim para o que me magoa
Deveras então sou eu um trouxa ou um capacho
E se a tristeza deixar e toda dor permitir
Preciso de mais uma hora de sono em minha cama de pregos