Ecos da Madrugada

O silêncio em luz amena era banhado!

Naquela noite, atrás das nuvens o luar

À maneira de um rosto envergonhado

De forma estranha parecia se ocultar!

No conforto da poltrona ensimesmado

Eu repousava como rei muito odiento

Dono de um reino erigido e alicerçado

sobre a estrutura visceral do sofrimento!

Quando foi que eu perdi minha alegria?

Há muito jazem sepultados os meus planos

E sob o lodo esverdeado dos enganos

Se foi o viço da esperança que eu nutria!

Desde quando em meu cérebro passeia

Esta ideia extremamente obssessiva

Mais avivada que o clarão da lua cheia

Mais sedutora que os ardis de uma lasciva!?

Nesta hora com a voz da própria vida

impregnada de afeição e de mesura

Uma canção ruidosamente percutida

Rompe o silêncio funeral da noite escura!

"Chorai, alma guaiada e aturdida

Deixai que a angústia te transporte

Se a esperança para sempre foi perdida

Ainda a podes encontrar em meio à morte!"

"Pobre alma, sei que muito te questionas

Todo homem leva em si um questionário

E as perguntas, que no seio aprisionas

Sao irasciveis animais de um bestiário!"

Mas a fera de expressão apaziguada

Que não ruge nem tão pouco vozifera,

A que surge no raiar da madrugada

É um alento para quem se desespera!

Esse monstro se rasteja qual ofídio;

Sua voz é como a voz de um confessor

Recomendando para expurgo da tua dor

A extremada expiação do suicídio!

Moreira Júnior
Enviado por Moreira Júnior em 13/07/2022
Reeditado em 09/11/2022
Código do texto: T7558717
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