UM POUCO DE MIM

 

Há um pouco de mim em tudo que faço,

 

um pouco de mim em tudo que deixo...

 

Nas sombras do jardim onde me queixo,

 

no trilho que me guarda cada passo...

 

Também em cada linha, cada traço

 

de um poema rasurado

 

com desleixo...

 

Na palavra perdida, sem desfecho,

 

numa página solta pelo espaço...

 

Porque não haveria, então, de ser

 

nesta lágrima triste a se perder

 

como pergunta ao vento ou folha morta...?

 

Nem haveria de ser,

 

na tarde ociosa,

 

num portão a ranger… Também na rosa

 

ainda a desfolhar–se em tua porta...?