A JANELA
Recordo quando vinhas à janela,
na alvorada bela,
as cortinas ganhando a luz do dia,
quando eu abria a página da alma,
e cantava–te notas de poesia...
Como tu suspiravas, incontida…
Às vezes, comovida,
tu choravas... Ou rias com carinho.
E sempre que a estrada castigava,
me abrigavas,
davas–me do teu pão e do teu vinho.
Hoje que o capinzal a porta antiga, cobre,
e as teias vestem galharias mortas,
num véu,
só resta–me, na beira da estrada,
a janela selada
e uma rosa trazendo um beijo teu...