A JANELA

 

Recordo quando vinhas à janela,

 

na alvorada bela,

 

as cortinas ganhando a luz do dia,

 

quando eu abria a página da alma,

 

e cantava–te notas de poesia...

 

Como tu suspiravas, incontida…

 

Às vezes, comovida,

 

tu choravas... Ou rias com carinho.

 

E sempre que a estrada castigava,

 

me abrigavas,

 

davas–me do teu pão e do teu vinho.

 

Hoje que o capinzal a porta antiga, cobre,

 

e as teias vestem galharias mortas,

 

num véu,

 

só resta–me, na beira da estrada,

 

a janela selada

 

e uma rosa trazendo um beijo teu...

 

 

Paulo Maurício G Silva
Enviado por Paulo Maurício G Silva em 12/08/2022
Reeditado em 21/05/2023
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