Momentos de angústias

Agora, quando ouço os últimos

pássaros cantando, já bem distante,

eu ainda tento ver e até enxergar

os últimos raios do sol que se esconde.

Os simples pardais procuram seu ninho,

os seres viventes procuram o lar,

e, neste compasso de espera,

agonizo perante as incertezas do dia a dia.

Agora, quando ouço os cães ladrarem,

tentando mostrar a sua presença ,

como se fosse uma maneira de dizer

“estou aqui e atento”.

E então, quando os últimos raios do sol,

já fracos e gastos pelo tempo, se vão,

passam vizinhos rápidos e sós, alheios,

como se nada mais houvesse no mundo.

O ladrar do cão já nada assusta,

apenas o sobressalto do homem incauto,

quando ouve algo que não desejava e,

no susto momentâneo, apenas o sorriso.

A criança corre, esgueira-se, esconde-se,

enquanto o adulto em seu pedalar

passa velozmente, muito imprudente,

colocando em risco a vida das gentes.

Luzes se acendem, janelas se fecham,

a noite se alastra, amedronta

pessoas passam e logo se escondem

por detrás das paredes, seguras talvez.

Galinhas procuram poleiros

e, no desespero, muitas se apertam

e nesta espera da noite, que chega,

procura-se apenas fugir do desespero.

Luzes acesas já não, iluminam,

a rua deserta, sem vida, sem nada,

a noite escura ela aconchega,

quem vive e se ama em um lar.

Quem passa nada vê, somente espera

a sua chegada ao destino almejado,

aonde, com toda certeza, irá

fazer e sentir o amor que se dá.

Jantares, vozes confusas, poucos diálogos,

somente restaram na aridez de uma tv

sons confusos, recados oriundos

das distantes cadeias que prendem o mundo.

Cativos que somos de todos os dias,

da mesma seqüência do eterno porvir,

onde a mente que manda recados confusos

para um mundo doente, que vai sucumbir.

VEM-16/01/2002-

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 29/12/2005
Reeditado em 15/08/2008
Código do texto: T91592