Iansã

Eis o fim do túnel,

nascimento, enfim, parto,

do materno anel,

ao seio me farto,

sugo com força o colostro,

durmo no meu quarto,

na cama me emplastro,

choro com os pulmões plenos,

no céu há um astro,

um luar ao menos

minguante, vem me acolher

os braços pequenos,

soltos, para mulher

levantar, com mãos em concha,

ao filho acolher,

lavar, por colcha

limpa, coberta de lã,

durmo como rocha,

paz de pedra sã,

os Eguns se achegam presto,

sou filho de Iansã,

durmo no cabresto

feito de ar, vento e brisa,

não sonho de resto,

consciência lisa,

acordo na madureza

da vida imprecisa.

Nota: sou católico, mas até recentemente fui agnóstico, morei em Salvador, Bahia, por 5 anos, e senti a espiritualidade do candomblé em quem acredita. Por isso a poesia é espiritualista com todo o mérito e respeito.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 06/12/2008
Código do texto: T1321868
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.