Suicídio

Deitado estava em meu quarto,

quando vi uma sobra aparecer.

Assustado eu então gritei alto

que fez meu quarto estremecer.

Fortes mãos apertavam meu pescoço,

depois disto eu não pude mais gritar.

Eu ouvi o barulho dos meus ossos,

com a força dos tentáculos estalar.

A morte de mim se aproximava

e a vida se esvaía em um gemido.

Mãos que a pouco estrangulavam,

acabando para mim, toda a vida.

Que fizera para ter morte tão medonha?

Oh! Meu Deus... não deixe me matar.

Pois sei que acordado não se sonha,

se for sonho, então quero acordar.

Não é sonho, pois vejo a luz do dia,

pouco a pouco para mim se acabar.

E o ar que eu respiro todo o dia,

acabou-se, já não posso respirar.

Cai o corpo para traz, pesadamente,

e uma sombra se afasta devagar.

O que terá feito este inocente,

para que o viessem estrangular?

Desce a lápide sobre um corpo,

já sem vida.

A multidão está toda condoída.

Quem matou?...

Foi o próprio suicida.

São Paulo-19/04/66

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 29/11/2007
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