No fundo do mar...
No fundo do mar um mundo novo posso olhar e, sobretudo, enxergar.
Em cada mergulho limitado pela respiração contemplo a beleza do que é natural e tem aspecto sobrenatural.
Os peixes, são os enfeites desse cenário real que tenho a oportunidade de conhecer. Eles estão vivendo o ordinário de suas vidas, sendo o que são na normalidade; talvez espantados com alguns homens que a área deles invadem. E assim, permitem o extraordinário ao serem contemplados por eles.
Percebo nesse mundo o silêncio, mas nem por isso deixo de ouvir uma bela canção. Canção harmônica que em minha alma ressoa, acalma e encanta; Canção que me prepara tal e qual o intervalo de um acorde para voltar lá em cima e renovar a melodia, na respiração que me inspira a retornar.
No solidão desse momento sinto-me renovado por dentro; Piscina que fascina quem ali chega, mergulha e deseja conhecer esse novo mundo.
Mas não tem jeito, a alma inquieta, sempre com pressa, parece não conseguir viver com totalidade esse sublime momento; Assim sendo, quer registrar de alguma forma no interior aquilo que contempla no exterior no afã de não perder o que ganhou.
O que se registra é uma consequência e uma demonstração mínima do que a alma experiencia porque as palavras não conseguem traduzir com precisão o que toca profundamente o coração. Contudo, as palavras são necessárias, não são secundárias, a boca não fala daquilo que está cheio o coração?
"A beleza salvará o mundo", dizia o pensador Dostoiévski; Isso pode ser verídico na medida em que o exterior provoque mudanças no interior, a saber que a mudança da humanidade se inicia a partir de cada homem, de cada coração.