Sertaneja (a Cleonice in memoria)

Eu era criança quando trabalhava

Na roça de algodão sob sol bravo

Com mãos sofridas cortei palma

Esqueci os livros, cortei agavo.

Não sou valente porque quero

Minha natureza é ser assim

O que faço é pra sobreviver

Mas no futuro o que será de mim,

Na roupa suor da luta sem vitória

E quando tem o que comer

Esse sim é o dia de glória.

Acho que fomos esquecidos na imensidão

Peço que não chore meu caso é um

Entre milhares deste meu sertão.

Sales de Azevedo
Enviado por Sales de Azevedo em 26/11/2006
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