A meu pai e minha mãe...

Meu pai:

Meu pai hoje estaria de aniversário,

Noventa e dois anos! Homem bom, inteligente,

Culto... Serviste sempre ao Servo-Deus-Vicário

E te dedicaste aos pobres: “tua gente!...”

Poderias ser um grande Médico... Mas desististe,

Da Faculdade, quase pelo meio...

O chamado que Deus te fez, tu o seguiste,

E a Medicina ficou num devaneio.

Jamais às riquezas te apegaste:

Preferiste velhos, crianças e excluídos

E os marginalizados, abraçaste...

Hoje, meu pai, tu cantas entre os Anjos

E, certamente, estás com os Escolhidos

Para louvar a Deus na companhia dos Arcanjos!...

(Escrito em Pelotas/RS a 07/maio/2011)

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Minha Mãezinha:

Mãe, o que te direi eu neste dia?

Não quero chavões comuns e populares;

Sei que seguiste o exemplo de Maria

E procuraste andar nos seus pisares...

Humilde, tinhas a Sabedoria

E sabias tocar um coração:

Tu falavas e a gente te ouvia

E te seguia no caminho da Oração!

Foste nossa mãe e a muitos acolheste

Louvando sempre a Deus com o teu canto

E, na Igreja, em Hinos, dirigias o Louvor!

Eu te bendigo pela Vida que escolheste

Não apenas por ser mãe – o meu encanto –

Mas porque VIVIAS a Oração do Amor!...

( Escrito no Dia da Mães, em Pelotas/RS, 08/maio/2011)

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1.OBS.: Meu pai era Reverendo da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil em Bagé/RS, onde foi Reitor da Matriz do Crucificado por mais de 50 anos, dedicando-se, além do trabalho Pastoral, aos velhos, crianças, pessoas das ruas e à possibilitar acesso à Educação aos que não possuíam meios para fazê-lo. Criou Escolas e obras de promoção à dignidade do ser humano (gratuitas) como: a Cidade dos Meninos de Bagé, internato e/ou semi-internato para meninos, com estudos propedêuticos e profissionais, em 1946; fundou o Lar Cristão São Paulo, para abrigar idosas sem lar ou descuidadas pelas famílias (naquele tempo não existia o Estatuto do Idoso...); fundou o Albergue noturno de Bagé “Dona Silvina”, para abrigar moradores de rua, tendo uma ala masculina e outra feminina, onde os “hóspedes” tinham banho quente, camas, vestuário limpo (angariado por doações e promoções da Igreja) e café da manhã. Criou a Creche Santo Estêvão, para que as mães, na maioria domésticas, pudessem ali deixar os filhos até a hora de retornar do trabalho em uma época em que nem se falava ainda em creches, muito menos gratuitas (hoje esta é dirigida pelo trabalho voluntário da Vereadora Sônia Leite que não deixou fechar a Instituição quando o Reverendo Guedes faleceu); uma Escola Agrícola, Granja Escola Amaury Beck; fundou e atendeu várias Missões e Pontos de Pregação (inclusive no Presídio Municipal) com cursos de Alfabetização ainda na década de 1940; várias escolas paroquiais, iniciando, as primeiras, como Primário e Ginásio; adquiriu para a Igreja a Escola Perseverança – que iria fechar após a morte da professora Melanie Granier, sua fundadora e proprietária. Nestas obras, tinha como lema o velho provérbio: “Não dês peixe ao pobre: ensina-o a pescar. Se lhe deres um peixe, comerá por um dia; se o ensinares a pescar, alimentar-se-á por toda a vida”. Sempre dizia que isto foi possível graças a Deus, ao trabalho de seus Irmãos Maçons, ao trabalho da Comunidade da Igreja, de seus amigos, de irmãos de outras denominações religiosas, do apoio inconteste de sua esposa (minha mãe) e de sua família. Uma particularidade: considerava a Ingratidão um pecado terrível, pois dizia que “a ingratidão era um pecado contra o Amor!” Atribuía a Deus, a seus Irmãos de Maçonaria e Igreja, aos Amigos, todo o trabalho que pôde realizar. Morreu pobre. Mas rico da Graça de Deus... Suas últimas palavras foram: “Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito!... Obrigado, Doutor...”

2. OBS.: Minha mãe foi aluna interna do Colégio Santa Margarida em Pelotas/RS e depois Professora na mesma Instituição que pertencia à Igreja Episcopal Anglicana do Brasil. Estudava piano e cantava no Coral da então Igreja do Redentor (conhecida como Igreja Cabeluda, pois é revestida por “uma videira selvagem” comumente chamada de “hera”). Um dia, no final dos anos 30, ao chegar na Igreja para participar do Culto, o Pároco, Reverendo José Severo da Silva, disse-lhe que ela iria tocar o antigo Órgão da Igreja. Alayde Lagos (nome de solteira de minha mãe) nervosa não queria assumir a tarefa, mas o sábio Reverendo disse-lhe que “Deus estava precisando dela agora!” E assim começou uma longa e profícua carreira de Organista da Igreja e depois de casada, em Bagé, Organista, assumiu também a Coordenação e Regência do Coral da Paróquia do Crucificado. Ensinava Piano de modo voluntário para todos(as) os que queriam aprender e não tinham como pagar os cursos do Conservatório. Professora lecionava como voluntária nas Escolas da Igreja. Dedicou-se também aos meninos da Cidade dos Meninos de Bagé e foi Professora de Música, Organista e Regente do Coral da Instituição. Falava baixo, sorria sempre, jamais se queixava e viveu para pregar o Evangelho de Jesus Cristo através da Música e do carinho que a todos(as) dedicava. Aos 50 anos, entrou para a Faculdade (FUnBa, hoje URCAMP, em Bagé) Bacharelando-se em Piano e Canto. Fez Especialização em Regência. Morreu tranqüila, segurando minha mão e a última coisa que me disse foi: “Canta um Hino para mim...” Cantei seu Hino preferido e ela entregou ao Deus que sempre havia servido, seu espírito. Morreu pobre. (Pobre?...) ... Em Paz e na certeza da imortalidade concedida aos crentes em Jesus...

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 15/07/2011
Código do texto: T3097037
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