Luar Minguante

Eu pensei que teus olhos

Fossem iguais as estrelas cintilantes

E o luar

Que sempre me acompanharam

Na minha canoa

Na minha vila

Nas veredas do roçado

Viajando na Maria-Fumaça

Nunca pensei que a rosa

Entrançada nas tuas tranças

Fossem ficar entranhada

Nas minhas lembranças

E que teu olhar mais lindo

Que o luar a minguar

Devorando a estrela do amor

Fossem naufragar naquela

Madrugada

Aquela flor selvagem machucada

Que me destes com as mãos

Trêmulas molhada pela chuva

Virou um animal feroz

Que agatanha meu coração

Urra esmurra dentro de mim

Com o seu amolado olhar

Eu perdi o canivete

Que cortamos nossos dedos

A figurinha de chiclete

Que dividimos lá na ponte

Mas o horizonte azul carmim

Guardei dentro de mim

Mesmo depois que morrestes

Brotariam melancólicas lágrimas

Nos ápices do meu olhar

E que são versos no lápis

De o meu poetar

Hoje ando nas curvas ocidentais

Labirintos de cimentos

Cavernas de metrôs

Vestígios neantherdais

Cantos gritos detritos dos pardais

Poetrix mandrix metrix haicais

Acidentados e profundos cais

Ainda te procuro

Mesmo sabendo que viajamos em mundos

Diferentes

E que nunca mais vamos nos encontrar

E que andaremos para sempre separados

[ ... ]

Luiz Alfredo - poeta

luiefmm
Enviado por luiefmm em 31/05/2013
Reeditado em 31/05/2013
Código do texto: T4318715
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