Tudo vermelho

Meus olhos estão vermelhos e o inferno passou neles

Deixou suas marcas, suas desgraças, seu fogo.

O inferno dantesco é muito pouco para compará-lo.

Eles vivem trêmulos, tímidos, lentos,

Entram e saem de suas funções.

Não sei o que foi ao certo,

Mas me arrepio toda às vezes

Que chego perto.

Meus olhos estão cansados, calejados,

E o tempo e as coisas me deixaram sem noção.

Só vejo uma imagem, uma cor,

Sem presente, sem passado...

Sem minhas partes.

E sinto qualquer coisa presa na garganta,

Em todo meu corpo,

Em minha face.

Meus olhos estão machucados, debilitados,

E a única visão me derrotou, me aprisionou,

Numa caixa vazia mas coberta de mistérios

Que Pandora ousou furtar.

Minha boca ainda anseia

Que meus olhos

O sublime irá de contemplar,

E torce sempre quando pode

Para o inferno maior não demorar.

Meus olhos estão vermelhos e suas ilusões

São tremendas voltagens,

Confundo-me sucessivamente com o agora,

Pois vivo continuamente no passado

E o agora nem sempre existe em mim.

E tudo mais pretendo guardar,

Fico quieto, semicalado,

Para que eles, depois de muitas batalhas...

Possam melhorar.

Grégori Augustus Reis
Enviado por Grégori Augustus Reis em 04/06/2009
Código do texto: T1631720
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