POEMAS ESVOAÇANTES

Ponho aqui neste livro de visitas

A minha assinatura,

Na certeza de que estou

Entrando na ante-sala da tua alma.

Já sinto o aroma dos teus cheiros,

A música dos teus caminhos de vento,

O canto dos pássaros

Nas árvores do quintal e,

Pelo ar, respiro a poesia que

Exala de ti.

Como incenso

Indiano, teu verso penetra em

Minhas narinas e faz levitar minha

Alma que, assim em êxtase,

Se deixa levar pela musa bailarina.

Flutuo inebriado na essência

Das palavras que dão um novo sentido

Aos sentimentos que

Transportas para dentro de mim.

Um novo poema começa a

Ser escrito nas escadarias

Que me levam aos teus

Íntimos aposentos, onde

A tua poesia é escrita

Sem gemidos e lamentos,

Mas com pincéis mágicos

Em papéis invisíveis.

Notas musicais saltam dos cadernos

Do piano à minha passagem

E ganham formas

Quando dançam pelo ar,

Ampliadas nas linhas de

Suas pautas, que como

Cortinas de seda

Me enlaçam e

Esvoaçam em redor

De mim, conduzindo-me

Ao teu leito.

À minha espera

Os teus poemas me

Aguardam desnudos

E teus versos abertos

Enlaçam as minhas rimas

Subjugadas pelo cheiro que

Vem dos teus sonetos,

Ansiosos pela pena do

Poeta em majestosa

Rima final.

E assim, poeta, musa e poesia

Conjugam suas palavras

Na certeza que em cada melodia

Produzida pelas

Notas flutuantes,

Uma nova rima comece

A ser buscada, para ser

Escrita indefinidamente

Em poemas esvoaçantes.

25.10.06

(poema que começou em dedicatória no livro de visitas da poetisa Juli Lima)

Comentários do autor sobre o texto:

Minha amiga K. soube por e-mail da imagem que tinha em mente quando escrevi o poema. Ela estimulou-me a escrever um conto sobre esse insight pois, segundo ela, ficaria bom. Talvez um dia escreva, mas acho importante deixar aqui registradas as imagens que me vieram.

Imaginei-me entrando em uma casa arquitetada para ser modernamente rústica, com muita luz natural, correntes de ar fresco e plantas, muitas plantas. As paredes são de largos tijolos crús expostos. Samambaias descem de seus vasos suspensos preenchendo o ambiente aéreo.

Logo na entrada, à minha direita e na altura da cabeça, um "caminho de vento" feito de pequenos tubos de bronze harpeja sua música suave e característica. Essa entrada é composta por uma pequena saleta com decoração simples: poltronas de bambú com almofadas rústicas, uma lareira com peças pequenas de artesanato sobre seu aparador, quadros com paisagens rústicas, uma escada de tábuas largas que leva ao ambiente superior. À direita desta saleta uma sala mais ampla, no mesmo estilo, com uma ampla porta-janela aberta para um imenso jardim com árvores adultas. À esquerda da saleta um pequeno terraço.

Sob a escada, um piano de parede com o caderno de músicas sendo folheado pelo vento que passa por eu ter aberto a porta. De repente, desse caderno saem o pentagrama (pauta musical), as notas e as claves. As cinco linhas paralelas saindo do pentagrama formam uma enorme letra "esse" deitada, como se eu estivesse dentro de um desenho animado. O pentagrama serpenteia ao meu lado, enlaçando minha cintura, levando-me a subir a escada, enquanto os desenhos das notas musicais ganham vida e se espalham pelo ar. Subo as escadas e me vejo na ante-sala que dá acesso aos quartos. À direita, uma grande janela aberta com cortinas brancas esvoaçantes, reproduzindo o serpentear da pauta musical. Encontro o quarto onde a musa invisível se encontra, mas não vejo nitidamente a pessoa que está lá deitada. Apenas sinto a sua presença e o cúmplice convite para que entre em seus aposentos.

Paulo Sergio Medeiros Carneiro
Enviado por Paulo Sergio Medeiros Carneiro em 24/10/2006
Reeditado em 04/11/2006
Código do texto: T272334
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