até que tudo clarei ou apocalipse de vez

misturar joio e trigo

mudar sentidos

jogar dados no verso

contramão contradição

antídoto e veneno

calmaria é prenuncio de tempestade

não me engano

não há paz sem correr riscos

...

andar sem deixar rastros

nem roubo nem medo

segredo

o dentro e o exposto

carne e osso

tenho gosto difuso

divido tudo

e entro fácil em parafuso

...

não tem acordo

ando sozinho no escuro

tato e entranhas

me estranho as vezes sou insano

desentendo

mas não me vendo

nem veto

ereto sigo no caminho torto

...

pisar em cacos de ponta

sem ferir os pés

murro em ponta da fé cega

deserto

seco em minha sede

reciclo nuvens de abandono

e chovo por dentro

não tenho dono

sou meio vento

mas sempre me dano no meio

não sei qual é o fim

sou assim: nada sei fora tudo que tento.