PESADELO NÚMERO TRÊS

Os tempos de frio e chuva impõem-se há meses,

Entrando por um abril de persistentes desencantos,

Onde até a natureza parece estar contra os portugueses…

A crise e as sementeiras arruinadas agudizam os prantos

– E não há luz que ilumine a esperança!

Os dias sucedem-se madraços e a nutrir depressões,

Entre lamentos mecânicos e as súplicas ao Senhor.

As árvores materializam as suas imperfeitas florações,

Antecipando um ano de muitas carências e algum temor

– E não há passo que não entre na dança!

As tardes são efémeras e coabitam com frugais devaneios

E uma ou outra réstia de sol, não aquece nem arrefece

A consciência daqueles que sentem os âmagos sobranceiros,

Desses tais que abraçam destinos que a ganância tece

– E ainda a caminhada é uma criança!

As noites são o apêndice de imensos pesadelos,

Onde todos se arrastam entre incertezas e pesares.

Longe virão as primaveras dos sonhos mais belos,

Com epílogos em outonos de venturas subliminares

– E apenas a miséria se apresta mansa!

Pelo alvorecer a tempestade adormece cansada

E os homens acordam e assentam os seus desencantos;

Afinal, tudo permaneceu na mesma e não se passou nada:

Tudo são trevas, tudo é desespero, tudo são prantos

– E tudo nesta vida é morte e cansa!

03.04.2013, Henricabilio

HENRICABILIO
Enviado por HENRICABILIO em 04/04/2013
Código do texto: T4223716
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