Madeira sem lei
Em doido a dar o pau
Nos talos de Jacareúba
Brotam vegetais
E flor de olor peluda
Tronco de Jacarandá
Madeira de lei
Nessa terra coberta por ramadas
Eirados de sementes lançadas
Árvores de casca grossa
De folhas ao vento voadas
Cipós que escalam copadas
Plantios no meio da mata
Na copa dependurados em galho
Frutos de mim caem pelo chão
No fundo dessa brenha de rincão
De farpas cravadas na palma da minha mão
Floresta densa e fria
Lascas finas de Imbuia
Flores no bosque em labirinto
Que crescem nessas ripas de Angico
Desabrocham florais do Ipê
Madeira quem não tem lei
Que com a serra fundo corto
Nos gomos profundos do velho mogno
Pelo Cedro em sulcos corre a resina
Nos arbustos o sumo respinga
Deita o suco que sai da cepa
E morre em nóduas na raiz de Teca
Ergue-se o tapume em varas
Sebe da cor do âmbar
Rasga o arado no terreiro
Na eira na beira no rego
Matagal de erva daninha
Folhagem que me espeta
Que rasteja rente a relva
Em queimadas pela selva
Alameda nos caminhos
Cultivo de espinhos
Pés de Pau-Brasil
Arvoredo que me pariu.