A RUA QUE MORA EM MIM
Quase meio dia
vizinhança na espera
artesania em tapera
explosão de vida nua.
Desenho de quase rua
casco e faro de bicho
lapidação de corixo
berço de rebeldia.
Filho do desafio
herdeiro de ventanias
ruas e cercanias
traços cunhados a fogo.
Entro sem medo no jogo
refaço caminhos velhos
poetiso evangelhos
levo a vida no cio.
Flor, viço, corredor
guri, moço, razão
face nova da ilusão
pintada em cada portal.
São ruas marcando sinal
vidas versando sonhos
num desalinho medonho
do poeta criador.
Quem me vê brincando assim
céus e jornais me cobrindo
imagina que estou saindo
dum quadro de ficção.
Mas sendo real ou não
Como quem sonha e apronta
Brinco de faz-de-conta
Na rua que mora em mim.