A RUA QUE MORA EM MIM

Quase meio dia

vizinhança na espera

artesania em tapera

explosão de vida nua.

Desenho de quase rua

casco e faro de bicho

lapidação de corixo

berço de rebeldia.

Filho do desafio

herdeiro de ventanias

ruas e cercanias

traços cunhados a fogo.

Entro sem medo no jogo

refaço caminhos velhos

poetiso evangelhos

levo a vida no cio.

Flor, viço, corredor

guri, moço, razão

face nova da ilusão

pintada em cada portal.

São ruas marcando sinal

vidas versando sonhos

num desalinho medonho

do poeta criador.

Quem me vê brincando assim

céus e jornais me cobrindo

imagina que estou saindo

dum quadro de ficção.

Mas sendo real ou não

Como quem sonha e apronta

Brinco de faz-de-conta

Na rua que mora em mim.

Darci Cunha
Enviado por Darci Cunha em 20/05/2006
Código do texto: T159619
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