BANIDOS DO PARAÍSO
ELA banhava-se
Nas águas douradas do Rio Pishon.
Estava tranquilamente feliz.
O seu corpo esbelto brilhava
Sob o esplendoroso sol eterno
E ela brincava completamente nua
Sem ter noção da sua nudez…
ELE repousava
Na sombra das árvores frondosas
Contemplando a paisagem fascinante
E enfeitiçado pelo perfume da Vida.
Estava apenas um pouco dorido
Por uma dor que o afligia
Ali sob as últimas costelas…
Inocentemente,
ELA pulava nas águas mornas
Do Rio do Ouro,
Indiferente
Àquele enorme tesouro.
Mas o Rio era invejado pelo Astuto.
Ele e todos os outros
Estavam proibidos de se banharem nele.
Ah, mas como era lindo o seu brilho
Quando o sol se reflectia no corpo dourado dela.
Mas no meio daquele Jardim, estava a Árvore Proibida
Onde amadureciam os Frutos da Vida…
E o Astuto que queria mais que tudo banhar-se
Nas águas do Rio Dourado, disse a ela:
-Vai e come do fruto da VIDA e conhecerás a Sabedoria!
E ELA comeu e deu a comer ao seu companheiro
E ELES souberam o que era o BEM e o MAL.
E por isso foram banidos do Jardim da Vida,
Passando a ter que arrancar comida
Das entranhas da Terra para sobreviver.
O Astuto foi amaldiçoado para todo o sempre
Tendo de rastejar sobre o peso do seu corpo disforme
Sem se banhado uma vez que fosse, no Rio Dourado.
Mas, desde aí então, não mais a sua pele deixou de brilhar
Sob os tórridos e implacáveis raios solares…
(14/12/2004 Abílio)