O verbo e o tempo

Ao tempo caminheiro, meu amigo,

soletro pronomes e verbos transitivos

que vão se completar

nos passos firmados em tom festivo,

que fazem, num momento, o pretérito

tornar-se altar.

E mesmo neste faminto desterro,

mostra-se como um monte altaneiro

pra me confirmar

que no mundo se celebra o enterro

e eu, pobre e fraco, só procedo

sem parar.

Mas, um dia paro e só confirmo

tudo em que minh'alma afirmo

com o vento.

E pretendo num intento comprimido

fazer rodas novas em alarido

sem momentos

de êxitos, de vitórias tosquiadas

que nada deixam. A alma bloqueada

é só lamento

que leva na tristeza das estradas

força e corte e tristes falas

do tormento.