O poeta

Com um impulso incontrolável, o poeta pega uma caneta é começa a rabiscar palavras, frases e pensamentos. Neste momento parece possuído por uma força superior. Seus sentidos se aguçam. Ele busca na memória pequenos fragmentos de sua infância e adolescência. Forma- se uma colcha de retalhos de momentos vividos e sentidos, que são alinhavados pelo cheiro de seu afeto e afago pela vida. Nem todas as imagens são coloridas. Existem as cinzas, as encardidas e as adormecidas no quarto escuro de sua alma. Mas é preciso coragem e sabedoria para reviver todos os fatos, e assim exorcizar seus fantasmas .

O poeta tem consciência de que cada fase da vida tem suas dores e feridas, e que são necessárias para o seu crescimento interior, e que mesmo assim há sempre poesia para quem acredita nela.

Para o poeta não importa se é dia de luto ou de festa. Ou se é dia de sol, lua cheia ou de muitas ou poucas estrelas. Em qualquer lugar, por um grande motivo ou mesmo por algo por poucos percebido, sonhos e devaneios se manifestam. Risos e choros marejam seus olhos, ludrifi-

cam sua mão que desliza freneticamente registrando os mais profundos desenhos de seu ser.

O poeta não é melhor ou pior do que ninguém. Ele talvez apenas sofra mais do que todos, já que ser sensível nesse mundo é muito difícil e perigoso. Mas com toda certeza ele saber tirar todos os gozos de uma vida.

Roberto Passos do Amaral Pereira
Enviado por Roberto Passos do Amaral Pereira em 23/10/2008
Reeditado em 27/10/2008
Código do texto: T1244177