Acidentes geográficos
Na franja de areia deserta da tua ilha, o mar invadiu as planícies e curvas que bordam teus seios hígidos, abraçou-te o corpo e com língua d’água beijou-te na boca. Fez-se tritão, depois homem em maré montante invadiu hiâncias, molhou teus cabelos numa cascatinha descida dum rochedo e bebeu água de coco ao seu lado. Foi abraçado pelas pedras roliças dos teus braços, deitado como um lago viu-te boiar e revirar o corpo, esparramando os cabelos na água tépida.
Levantou-se contigo como um ser transparente. Subiu a montanha sem nada destruir. Mas alagou-te. Ao ponto de fazer das tuas narinas duas grutas, nas quais apenas o sopro da vida entrava.
Depois esvaziou até teus pés, cheios de grãos de areia. Então foi sua vez de invadir o mar com um mergulho, para nunca mais sair do que desejavas.
Pois é impossível morrer de amor.